A carreira teatral de Benedito seguiu com a criação do Grupo de Ensaios Teatrais - GENTE, em 1973, no Colégio São José de Apucarana. No ano seguinte, escreveu e dirigiu Uns, Fé de Mais, Outros, Fé de Menos, uma das peças mais marcantes do Festival Nacional de Teatro Amador de Londrina, que posteriormente percorreu diversas cidades do Paraná. Em 1975, Benedito escreveu Os Foras da Lei, uma crítica ao governo e sua política educacional, apresentada no Festival de Londrina e no Festival Itinerante do Paraná.

O impacto de Benedito Cândido no teatro ultrapassou os palcos, formando profissionais destacados como Maria do Carmo Delgado e Olivia Haupman, além de inspirar Silvanah Santos, talentosa atriz curitibana e vencedora do prêmio Gralha Azul. O Grupo GENTE levou seus espetáculos ao Teatro Guaíra, apresentando Uns, Fé de Mais, Outros, Fé de Menos e Aqui é Colônia, Ali é Nação, esta última escrita por Benedito em 1988.

Nos anos 2000, ele fundou o Grupo Catarses na Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (hoje UNESPAR), atuante por cerca de quatro anos. Em 2019, criou o Grupo Anacrônico, com alunos da Secretaria de Cultura de Apucarana, levando novamente às cenas Aqui é Colônia, Ali é Nação e Uns, Fé de Mais, Outros, Fé de Menos.

Além do teatro, Benedito teve uma sólida carreira no magistério. Iniciou em 1970, lecionando diversas disciplinas em Rio Bom e Apucarana. Em 1982, começou a atuar também no ensino superior, com disciplinas como Ciência Política e Sociologia. Por dois anos, transferiu-se para Curitiba, onde ensinou Sociologia na Faculdade de Artes do Paraná (atual UNESPAR), formando atores e músicos. Sua jornada acadêmica se encerrou em 2018, com 50 anos dedicados ao ensino.

Mesmo afastado do teatro por questões de saúde, Benedito Cândido permanece uma referência na cena cultural paranaense, deixando um legado de arte, consciência social e formação de talentos.

Sobre sua relação com o teatro, Benedito afirma: "Para mim, o teatro amador é o mais importante, pois não tem compromisso com empresas, e sim com as ideias que precisam ser transmitidas". Apesar de sua preferência pelo teatro amador, ele destaca o valor do teatro profissional: "Acho que os atores merecem prestígio e respeito", completa.

Sua escolha pelo teatro amador está ligada à sua carreira no magistério, que lhe permitiu atuar artisticamente sem depender financeiramente do teatro. "Quem depende do teatro para viver acaba passando por dificuldades", comenta.

Para Benedito, o teatro tem um papel transformador: "Todo mundo que faz teatro aprende a interpretar e perde o receio de se comunicar em público. Isso gera uma mudança na vida da pessoa, promovendo tanto o reconhecimento externo quanto uma transformação interior, pela segurança adquirida".

Ele próprio venceu desafios pessoais através do teatro: "Eliminei meus complexos e aprendi a me aceitar. O teatro é uma das artes mais importantes para a promoção humana, pois não apenas forma atores, mas também contribui para o desenvolvimento da sociedade", relembra.

Benedito também destaca a importância do teatro popular, mencionando montagens como A Colônia e a Alienação, cujos trechos podem ser encontrados no YouTube. Além disso, muitos dos atores que passaram por seus grupos tornaram-se secretários de cultura em diferentes municípios ou escreveram seus próprios textos teatrais, atuando como multiplicadores da arte e da cultura.

• Redação: Revista ORIO / CA / MJR / Benedito Cândido

• Equipe: CA / MJR

• Fonte: Benedito Cândido

• Fotografias: Acervo pessoal de Benedido Cândido / Semi Salomão / Youtube - Aqui é  Colônia, Ali 

é Nação

• Agradecimentos: Benedito Cândido / Semi Salomão

• Ano: 2025